As duas goianas que ficaram presas injustamente por 38 dias em Frankfurt, na Alemanha, após terem as malas trocadas por bagagens contendo drogas, foram recebidas nesta segunda-feira (17) pelo governador Ronaldo Caiado (UB). Jeanne Cristina Paolini e Kátyna Baía desembarcaram em Goiânia na última sexta-feira (14).

A recepção às goianas e seus familiares foi realizada no Palácio das Esmeraldas, onde elas falaram à imprensa sobre a experiência na prisão alemã. “Passamos esses dias dentro de uma cadeia onde eles não fazem questão de falar inglês, só o idioma deles. É torturador, por vários motivos, de conviver com criminosas, sem acesso aos meus medicamentos. É muito difícil do ponto de vista físico, mental e espiritual”, declarou Kátyna.

A personal trainer cobra por mudanças na política de segurança dos aeroportos. “Foi muito pertubador, ainda mais pelo menor de adoecer ali, pois éramos tratadas como lixo, criminosas internacionalmente reconhecidas e sem o direito de falar nossa verdade. Tem que haver mudanças para que isso não aconteça, poderia ser um jovem indo para o intercâmbio, um idoso visitando a família”, afirmou.

Mesmo em casa com a família, as duas ainda têm dificuldades em voltar à rotina. “Ainda acordamos no meio da noite com taquicardia, no horário que nos acordavam no presídio, e temos nos assustando com barulho de chave e cadeado. Estamos readaptando a alimentação, perdemos muito peso, mas aos poucos a vida vai retomando com o acolhimento dos amigos e familiares”, relatou Jeanne.

A advogada Luana Provazio, que representa as goianas inocentadas, explicou quais serão os próximos passos a serem realizados perante a Justiça. “A partir de agora nós temos que buscar a reparação minimamente a reparação dos danos morais e materiais, além de lucros cessantes, pois ambas trabalhavam aqui e não puderam exercer suas funções devido a esse transtorno”, apontou.

Troca de bagagens

O caso veio à tona depois que a Polícia Federal (PF) descobriu um esquema criminoso de tráfico internacional de drogas. Os suspeitos escolhiam viajantes aleatórios que despachavam malas, colocavam bagagens a mais no voo e trocavam etiquetas. No destino final, eles contavam com a sorte para que o viajante não percebesse o erro e pegasse a mala correta. Assim, a bagagem com drogas era recebida por um integrante da organização.

Sete pessoas foram presas pela PF. Seis delas eram funcionárias da empresa terceirizadas que prestava serviço para as companhias aéreas e uma funcionária de uma aviação. O Ministério Público Federal instaurou um inquérito civil para apurar possíveis falhas de segurança no Aeroporto Internacional de Guarulhos.

Os celulares das goianas ainda estão sendo periciados pela justiça alemã e as malas, que teriam sido trocadas, ainda não foram localizadas. Os advogados de Jeanne e Kátyna pretendem mover processos indenizatórios contra a empresa aérea e o aeroporto.